sexta-feira, 1 de maio de 2015

Dor


Sinto dores, e a maior parte do tempo é dor. Quero anestesiar-me, esvanecer.
Esvaecer.

Não há rota, não há fuga! A dor me é constante, firme e imutável. Crônica.
Morro da dor e renasço do anseio de prosseguir vivendo, vivendo pra que? Para a dor.

Levanto-me e tomo um comprimido. Pego um livro.
Quem sabe a fuga das palavras não me distancia por um tempo da dor?

É fútil, ledo engano, irrito-me, jogo o livro de lado, eu não sei onde há dor.
Mas, eu sinto.

Há dor no invisível. No inaudível. Há dor. Pego então meu caderno de anotações.
Muitos registros. Nada escrito.

Quero colocar para fora as minhas dores, as palavras é minha válvula de escape.
Mas, eu sei não há escape na dor. E eu fujo. De mim mesmo. Por que estou cansado.

Morfina? Ópio dos que sentem dor. Quero dormir.
É inútil. É inútil dormir. A dor não passa.

A dor resiste, persiste. É-me estranho.

"Como é estranha a natureza morta dos que não sentem dor.
Como é estéril a certeza de quem vive sem amor..."
Completamente Blue, Cazuza.

Texto: Charles Nascimento

2 comentários:

  1. E como diria John Green, a dor precisa ser sentida! :) Excelente texto!

    Abraços, Charles!

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    Respostas
    1. Enquanto eu escrevia, foi a primeira referência que me lembrei, tio Verde!
      Abraços Joanderson!

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