Provavelmente pode acontecer; mas é tudo pouco provável, um
talvez.
E nesse dilema entre a certeza e o talvez, é que mora o pior
de todos os inimigos: a insegurança. Contudo, meu bem no amor não deveria haver
incertezas.
Eu te amo! É a mais clara das fiúzas.
E quando eu digo: “Fica comigo” é uma afirmativa, dizendo que
o meu coração quer fazer morada no teu.
Provavelmente tu não vens hoje. Mas, caso venhas, saiba que
estarei aqui te esperando, garrafa de vinho e taças postas; mas olhe meu bem,
se não vem fique tranqüilo, pois não espero por mais ninguém.
Esperar é doloroso sabe? Cansativo, irritante. É a espera que
esfria o café, que estraga o jantar, que apaga as velas e faz com que o amor se
debele. Ah, é a espera que faz com que o caramelo passe do ponto. É provavelmente
a ação mais inerte que há.
E nesses muitos “provavelmente” quiçá eu conheça alguém. Um
que tenha certeza, que fique comigo, que faça do meu peito moradia fixa e da
minha boca residência de aluguel. Um alguém que chegue no horário, que me traga
um cd de Nara.
Nota: Nara Leão, que fique claro.
Um alguém que entenda das minhas desestruturas românticas,
dos meus devaneios intensos, da minha inquietude constante...
Um alguém que no fim da vida, olhe os céus e agradeça a Deus
por eu ter feito parte dela e que feneça sorrindo sabendo, pois que um dia o
amor também lhe sorriu...
Provavelmente...
(texto: Charles Nascimento)